Olá pessoal!
Aqui vai a última parte do Lema do Reitor-Mor!
5. Conclusão
Desta vez termino o comentário ao Lema não com uma fábula, mas com o testemunho e a mensagem que nos deixou o padre Pascual Liberatore, durante anos Postulador das Causas dos nossos Santos e santo ele mesmo, num poema seu intitulado «Os Santos».
Trata-se de um pequeno “credo” pessoal, que recolhe tudo o que é a espiritualidade salesiana, que pode ver-se concretizada na sua autenticidade e validade nos riquíssimos e variadíssimos frutos de santidade da Família Salesiana, a começar pelo nosso amado fundador e pai Dom Bosco. Encontrámos este poema no seu gabinete no dia da sua Páscoa. Nele faz o elogio dos santos e utiliza uma variedade de imagens, cuja beleza nós descobrimos com prazer. Lendo tal poema, podemos experimentar a rara e fina sensibilidade humana e espiritual dos nossos Santos e sentir a sua ânsia de plenitude de vida, de amor e de felicidade em Deus; notamos a sua força interior e a sua experiência espiritual, que nós mesmos somos chamados a viver e a saber propor de forma apaixonada e convincente aos outros, especialmente aos jovens.
A minha primeira carta como Reitor-Mor intitulava-se «Salesianos, sede santos!», uma carta que considerava programática para o meu Reitorado. E sinto-me feliz por o meu último escrito como sucessor de Dom Bosco ser um convite veemente a dessedentar-nos na sua espiritualidade. Aqui se encontra tudo aquilo que eu queria viver e propor a todos vós, caríssimos membros da Família Salesiana e jovens.
OS SANTOS
«Serão como estrelas no céu: brilharão como o firmamento»
Visíveis aos milhares
como as estrelas à vista desarmada, mas incomparavelmente mais numerosos ao telescópio que alcança mesmo os que não têm auréola.
Vulcões incandescentes,
quais fissuras
sobre o mistério do Fogo Trinitário.
Aventurosos romances
escritos pelo Espírito Santo
onde a surpresa é norma.
Existências do género literário mais variado
mas sempre fascinante:
do estilo de um drama de sabor a fábula.
Clássicos da sintaxe das Bem-aventuranças,
sempre convincentes
graças à sua gaudiosa existência.
Cosmonautas do espaço,
aos quais se devem as mais audaciosas descobertas
possíveis apenas a quem tanto se distancia da terra.
Gigantes tão diferentes de nós
como sempre o génio é,
apesar de concidadãos da nossa mesma matéria.
Sujeitos a erros e insucessos
mas homens sempre de exceção:
não se banalizam com o pretexto de os sentir companheiros de viagem.
Sinais da absoluta gratuidade de Deus
que enriquece e eleva
segundo os misteriosos critérios da sua liberalidade.
Têm como residência uma paz inalterável
acima dos humanos comuns conflitos,
mas sempre insatisfeitos porque não deixam de tender para o alto.
Na órbita do essencial
eles, os profetas do absoluto.
Grandes artistas
na oficina do Belo
diante dos quais fica em êxtase o coração humano.
Homens e mulheres de sucesso,
testemunhas da secreta harmonia
entre natureza e graça.
Fólios de Deus,
a tal ponto apaixonados
que editam um vocabulário desconcertante.
Os mais afastados, por istinto, de toda a espécie de culpa
e os mais próximos, sempre,
de toda a espécie de culpados.
Plateias nas quais o divino dá espetáculo
e humildes expetadores eles mesmos,
graças a um impiedoso conhecimento do seu nada.
Empenhados num contínuo esconder-se
e todavia inevitavelmente luminosos
como cidades situadas sobre o monte.
Portadores de mensagens eternas
para além do tempo,
do progresso, das culturas, das raças.
Palavras de fogo
que o Senhor pronuncia para sacudir a nossa indolência,
pancadas de batuta que o Maestro Divino dá na estante,
para nos despertar a nós alunos distraídos.
Milagres vivos
perante os quais não há necessidade de peritos
para aceitar o caráter extraordinário do Evangelho vivido sine glossa.
Heroicamente desprendidos do humano
eles, especialistas no superlativo
dos matizes humanos.
Verdadeiros mestres de psicologia
que pela via do amor
atingem as pregas mais recônditas do coração humano.
Capazes de fazer vibrar as nossas melhores raízes,
e tocando as cordas de ressonância antiga
infundem nostalgia de futuro.
Como as estrelas do céu:
tão diferentes entre si
e, no fundo, acesas pelo mesmo fogo.
Pe. Pascual Chávez V., SDB
Reitor-Mor
Fiquem bem, com D. Bosco e M. Mazzarello!
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