quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Clube dos Poetas Salesianos

A CONTA E O TEMPO

Deus pede estrita conta do meu tempo,
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta;
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo foi-me dado, e não fiz conta.

Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu que gastei sem conta, tanto tempo?
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje quero dar conta, e não tenho tempo.

Ó vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.

Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.

Frei António das Chagas
(Frade Franciscano e poeta português do século XVII)

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