quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Testemunhos - CJS Arcozelo nas Jornadas

Valter Silva

Ele vive!

Um longo caminho sob intenso calor, multidões vindas de todos os cantos do mundo se congregam num único lugar, respondem a um só apelo: “Firmes na fé” seguimos a Jesus Cristo. Uma jornada que teve várias etapas, encontros, reuniões ao longo de 10 meses de preparação, para que a fé criasse raízes mais fortes e profundas, para juntos sentirem a firme convicção de afirmar em quem depositamos todo o nosso acreditar, na pessoa de Jesus, Aquele que o Papa vem proclamar através da cruz que acompanha as J.M.J. desde o seu inicio, a nossa esperança representada na dádiva de vida e amor por todos nós.

O caminho faz-se caminhando, de forma concreta no dia-a-dia, ao encontro uns dos outros, no reconhecer do termo Igreja na sua dimensão universal, na multiplicidade de culturas, no imenso colorido de jovens provenientes de povos e nações diversas que professam um mesmo credo, uma mesma identidade: “Eu sou de Cristo.” Somente o tempo de recolhimento permite reflectir melhor sobre o significado da presença de mais de um milhão de jovens neste acontecimento mundial: com o Papa em Cibeles; na festa M.J.S. e a animação do coro internacional; na reunião com os bispos portugueses; no imenso mar de gente em “Quatro Vientos” e em todos os momentos de convívio. E para recordá-los temos os filmes e as fotos para recordar…

Começo a compreender que não fiz só uma experiência de massas e do fenómeno das multidões; mas sim uma peregrinação, um caminho a dois, um percurso único onde todos os que estiveram presentes foram importantes e tornaram mais firme este sentimento…

“Ide por todo o mundo a anunciar a Boa-Nova (…) Eu estarei sempre convosco.” (Mt 28, 19-20)
“Onde dois ou três estiverem em meu nome, Eu estarei no meio deles.” (Mt 18-20)

Escuto a voz que nos chama a segui-lo, e apesar de tanto que fica por contar sobre o que passamos nas jornadas, procuro relembrar o que se torna essencial: a mudança de atitude. Por viver o Seu evangelho, o ponto em comum que uniu os jovens representantes de tantos outros jovens do mundo inteiro, escolhendo o caminho mais árduo e intenso, o mais autêntico e verdadeiro, o Seu Amor vive em todos nós. Em várias ocasiões pudemos não ter reparado, mas Ele esteve sempre presente, e por vezes não o cremos…”Felizes os que acreditam sem terem visto.” (Jo 20,29) Provavelmente, não sentimos mais próxima a presença do Papa, mas ele estava lá por nós, não sentimos a mesma empatia em todos que encontrávamos, mas todos a procuramos. Provavelmente, houve alguém que esteve sempre ao meu lado, em todos os que estavam à tua volta, e não o viste, no entanto…Ele está connosco. Ele vive! Esta é a afirmação que todos anunciamos, a verdade constantemente representada na cruz que guia o caminho peregrino das Jornadas Mundiais da Juventude.”Eu venci o mundo.” (Jo 17,31-33).

Um abraço do tamanho do amor que D.Bosco tinha pelos seus jovens, a todos os que participaram nestas jornadas, em especial, os que cantaram no coro internacional M.J.S.

DUC IN ALTUM!


Marlene Soutelo

Não é fácil explicar em poucas palavras a vivência de uma semana rodeada de milhares de jovens de todos os cantos do mundo.

Nas JMJ em Madrid de 16-21 de Agosto vivi a experiência de uma Igreja cheia de jovens que querem radicar as suas vidas em Cristo e ser firmes na fé, sem vergonha de o demonstrar perante um mundo que tantas vezes não compreende ou respeita as nossas convicções.

Mas, nem tudo foi fácil: as temperaturas acima dos 40ºC, as poucas horas de sono diário, o acumular do cansaço, a tempestade em plena vigília com o Santo Padre, etc., fizeram-me perceber que as dificuldades na nossa vida são uma constante. Cabe-me a mim saber lutar perante estas mesmas dificuldades, estando consciente de que nada me separará do Amor de Deus. É com esta certeza de que não estou sozinha, que sou enviada de volta à minha comunidade, à minha família, ao meu grupo, como testemunha daquilo que vivi na Jornada Mundial da Juventude.

Quero realçar dois momentos que foram, para mim, um marco nesta vivência:
  • Coro Internacional MJS
Foi uma experiência única!
Juntar cerca de 200 jovens de vários cantos do mundo, sem se conhecerem, e fazer com que cantassem todos a uma só voz…
O padre Rafa, que esteve à frente deste projecto foi incansável, quer na gravação das músicas, enviando-as por email, quer nos ensaios. A sua paciência e dedicação são de louvar. A ele e a todos os participantes, o meu obrigado, jamais esquecerei esta experiência.


  • Encontro com o Santo Padre em Cuatro Vientos
O aeródromo de Cuatro Ventos, espaço do tamanho de 50 campos de futebol foi o local escolhido. Apesar de toda a estrutura montada, o local era empoeirado e a temperatura devia rondar os 40ºC, tivemos que enfrentar um mar de gente para chegar ao lugar reservado para o nosso grupo, onde ficamos amontoados. Com o passar das horas cada vez chegava mais gente, por momentos coloquei-me de pé e deparei-me com uma multidão que eu jamais havia visto - entre 1,5 e 2 milhões de jovens esperavam o Santo Padre. Não consigo explicar o que senti!...

Com o final do dia, uma verdadeira tempestade aproximava-se. O céu estava carregado de nuvens. Quando o Papa chegou, também veio uma grande ventania. O Papa começou o seu discurso e começou a chover como senão houvesse amanhã. Protegido por guarda-chuvas, o Papa continuou, enquanto nós, nos protegíamos conforme era possível, tentando escutar as palavras que ele tinha para nos dizer. A ventania aumentou de tal forma que foi necessário interromper o discurso. Enquanto isso os jovens gritavam “Esta es la juventud del Papa”, “Benedicto! Benedicto!”. Li algures que lhe perguntaram se gostaria de deixar o local, ao que ele respondeu : “Se os jovens resistem, eu também!”. Mais alguns minutos e a chuva deu tréguas para que fosse possível o momento de adoração ao Santíssimo Sacramento. O Santo Padre despediu-se dizendo que os seus pensamentos ficavam com os jovens que alí iriam pernoitar. Acomodamo-nos da melhor forma possível para dormir algumas horas.

O dia de domingo começou cedo, ultimavam-se os ultimos preparativos para a chegada do Papa, ele havia prometido passar por entre os caminhos de Cuatro Vientos, junto dos jovens. Passou tão pertinho que pudemos vê-lo.
Sem palavras… Não por ver um “velhinho” de 84 anos, tão humano quanto nós, mas por ver o representante de Cristo, capaz de convocar todos estes jovens.
Sem palavras… Por ver uma Igreja jovem, viva, que atendeu ao chamamento de Cristo.



Recebemos todos uma cruz que o Santo Padre abençoou para levarmos como sinal da nossa pertença a Cristo. Bento XVI disse: “É impossível encontrar Cristo, e não O dar a conhecer aos outros. Por isso, não guardeis Cristo para vós mesmos. Comunicai aos outros a alegria da vossa fé. O mundo necessita do testemunho da vossa fé; necessita, sem dúvida, de Deus. Penso que a vossa presença aqui, jovens vindos dos cinco continentes, é uma prova maravilhosa da fecundidade do mandato de Cristo à Igreja: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15).

Finalizada a missa, o Papa comunicou que a próxima JMJ será no Rio de Janeiro em 2013. Foi uma explosão de alegria por parte dos nossos amigos Brasileiros que estavam alí mesmo ao nosso lado.

Quero manifestar o orgulho que senti por um grupo de jovens que em 2009/2010 enquanto eu era animadora deles mostrou vontade de participar nas JMJ de Madrid e conseguiram manter-se fieis até ao último momento, vivendo as dificuldades e emoções do fim-de-semana em Cuatro Vientos. Continuem assim…

Quero agradecer à Irmã Lourdes por ter estado presente nesta última actividade com o CJS de Arcozelo. Bem haja!

Próximo destino: Rio de Janeiro.

Ricky

A minha ida às JMJ trouxe-me experiências riquíssimas que nunca imaginei viver. Nem o facto de ter estudado o programa oficial das Jornadas com algum cuidado na véspera da viagem para Madrid me preparou para o que me esperava.

O momento que destaco é o Fórum MJS que decorreu na manhã do dia 17 de Agosto. Não era suposto eu ter participado neste encontro, mas assim aconteceu e acabou por ser marcante. Vi pela primeira vez, pessoalmente, o sucessor de D. Bosco: o Pd. Pascual Chavez! Juntamente com a Madre Yvonne (sucessora da Madre Mazzarello, e que já tinha tido o prazer de encontrar por duas vezes) responderam a questões apresentadas por jovens de todo o mundo. O discurso destas pessoas é, no mínimo, inspirador. Citam com frequência D. Bosco, provando assim a actualidade do pensamento desse pioneiro sonhador, e ao mesmo tempo procuram novos caminhos de evangelização da juventude de hoje, buscando soluções para os seus problemas reais.


Na fotografia, a Madre Yvonne tinha acabado de me oferecer o símbolo do encontro – a cruz das JMJ 2011. Depois de lhe dizer que tinha estado em Valponasca onde, durante o CampoBosco 2010, a Madre se encontrou connosco, ela simplesmente perguntou-me o meu nome.

Nesta mesma semana, D. Policarpo viria a falar da importância de conhecer e reconhecer as pessoas pelo seu nome. Lembrei-me imediatamente da pergunta da Madre: “Qual é o teu nome?”. Será que o decorou? Quase de certeza que não, mas senti naquele momento que ela me queria conhecer – Amorevolezza.

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