quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Correspondência Internacional: Finlândia



Olá pessoal!

A animadora Carolina Ferreira está desde Setembro (e já volta para Portugal dia 18 deste mês) na Finlândia.

Parece que as saudades apertaram e ela quer-nos dizer algo!

Olá a todos!

Antes de mais quero dizer-vos que tenho muitas saudades de passar a minha tarde de sábado no Centro Juvenil. Às vezes, nós, animadores, queixamo-nos do trabalho que dá preparar a catequese, do tempo que nos rouba quer ao sábado, quer durante a semana, mas, lá no fundo, a verdade é que não conseguimos viver sem isso, sem vocês, jovens!

Bem, chega de lamechice! Estava no meu quarto, aqui em Oulu, sem nada para fazer (vá, excepto estudar, mas isso não conta), e achei que seria uma excelente ideia partilhar um pouco da minha experiência por cá, convosco.

Tudo aqui é diferente. Em Portugal, estamos habituados à barulheira das ruas, a carros sempre a passar, a vendedores que gritam os seus produtos nas ruas do Porto. Pois o meu primeiro choque aqui no Norte, foi a calma. Mesmo nos aeroportos, ou nas ruas mais movimentadas, as pessoas são extremamente silenciosas e os carros são poucos. O maior barulho será, talvez, o das rodas das bicicletas, e ocasionalmente, uma campainha que toca para que não atropelem um transeunte no meio de uma rua pedonal. Todas as pessoas são muito bem-educadas, apesar de sempre um pouco tímidas, pelo menos as pessoas nativas (porque os espanhóis no meu prédio fazem uma barulheira que não se aguenta!). 

No entanto, aquilo que acho mais importante e que mais queria partilhar convosco, é a diversidade cultural que estou a experimentar aqui. Conheci pessoas de diferentes religiões ou que, simplesmente, vivem a religião de forma diferente. E, ironicamente, este intercâmbio de experiências fortalece as minhas crenças a cada dia. Sinto que estou a vivenciar o respeito aos outros de que tanto falamos nas catequeses. O respeito pelas identidades de cada um e por aquilo em que acreditam. Os finlandeses, em geral, pelo que percebi até agora, são maioritariamente cristãos, mas achei-os um tipo de cristão muito estranho… Não costumam ir à eucaristia, catequese, ou rezar. Apenas festejam o Natal e a Páscoa. E, apesar de respeitar esta vivência, fiquei a sentir-me muito sortuda! Por ter uma vivência tão rica da minha fé, por fazer parte desta família salesiana e por saber que agora vou encarar tudo isto com importância redobrada, para mim.

Tenho amigos hindus, e muçulmanos. Ensinaram-me acerca de partes das suas religiões, também. E foi importante para mim aprender a respeitar essas coisas que fazem de nós diferentes. Por exemplo, se quiser fazer um jantar que inclua o Yalcin, não posso fazer nada que contenha carne de porco, porque ele não o come na sua religião (já desisti de tentar fazer francesinha, à custa disso). Também tenho amigos que simplesmente não acreditam, mas que estão dispostos a ouvir quem o faz. Apesar de sermos todos diferentes, são pessoas maravilhosas, e estar com eles, partilhar estas experiências é algo fenomenal. Já lhes falei de todos vocês e de como vivemos a nossa fé e, mais uma vez, apesar de não acreditarem no mesmo que nós, adoraram aprender um pouco mais sobre os Salesianos e sobre o Centro Juvenil.

Esta convivência com diferentes estilos de vida, foi uma pequena prova para mim, e representou um crescimento da minha fé. E espero que um dia também vocês possam experimentar esta sensação.

Resta-me dizer que tenho muitas saudades e que, quando em Estocolmo entrei numa capela ao fim de tanto tempo sem ir à eucaristia, só a forte presença de Deus naquele lugar emocionou-me e fez-me desejar ardentemente voltar aos meus sábados habituais. No entanto tento fazer uma pequena oração todos os dias, nem que seja só a cantar uma das nossas músicas!

Beijinhos finlandeses,

Carolina


Fiquem bem, com D. Bosco e M. Mazzarello!

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