domingo, 1 de abril de 2012

Mensagem do Reitor-Mor aos Jovens do MJS - Parte I



Olá pessoal!
A partir de hoje vamos publicar a mensagem que o Reitor-Mor escreveu especialmente para os jovens do Movimento Juvenil Salesiano. Como a mensagem ainda é grande, vamos dividi-la em pequenas partes que serão publicadas durante as próximas semanas.


"Jovens sonhadores, filhos de um pai sonhador"

Meus amados filhos,
Jovens caríssimos do Movimento Juvenil Salesiano
(Articulação da Juventude Salesiana),

Escrevo-lhes, como pai e amigo, por meio do meu nono Sucessor.

Tenho ainda impresso na mente e no coração o encontro que tive com vocês em Madrid, no dia 17 de agosto, no grande pátio do Instituto Salesiano de Atocha. Uma experiência certamente inesquecível do ponto de vista emotivo, mas principalmente muito significativa do ponto de vista salesiano. Alegrei-me ao ver o seu senso de responsabilidade, o seu orgulho de serem jovens empenhados em viver a própria fé. Admirei o seu desejo de investir bem a própria vida, segundo o projeto de Deus e o sonho que conservam no coração. Comovi-me ao vê-los rezar, acolhendo a Palavra com alegria. Foi um encanto vê-los imersos no silêncio adorante de Jesus Eucaristia. À luz de tudo isso, a vossa alegria pareceu-me ainda mais bela, mais pura, mais contagiante. Alegrei-me, depois, ao ver entre vocês, com tantos jovens animadores, muitos Salesianos e Filhas de Maria Auxiliadora. Entre eles, vários Inspetores, delegados e delegadas de Pastoral Juvenil. É aí o lugar deles! Presentes e atentos à vossa vida, aos seus desejos e ao mesmo tempo fiéis acompanhadores do vosso crescimento e da sua caminhada espiritual.

Estou feliz, também, por saber que estão a preparar uma grande festa para 2015. Aqui em cima, no céu, contemplando o rosto de Jesus, conhecemos toda a história que se desenrola na terra. É uma história belíssima porque redimida; entretanto, às vezes, vocês só conseguem ver a história nos seus aspectos mais difíceis. Diversamente de quanto talvez pensem, não há distâncias entre nós e vocês, pois bem sabem que, desde o momento em que Jesus entrou na história com o seu Natal, não há nascimento humano que não seja sagrado, não há rosto de criança que não traga impressa nos olhos a Luz resplandecente do Redentor. Essa proximidade torna mais autêntica e eficaz a minha presença entre vocês, real como nos tempos do Oratório de Valdocco em Turim, com a vantagem a mais de poder viver em todas as presenças salesianas espalhadas em 130 países do mundo.

Falo-lhes, pois, como naquela época, com o ardor da linguagem do coração, mais do que com os argumentos lógicos e abstratos, embora reconheça o quanto são importantes na atual confusão e fragilidade do pensamento a clareza das ideias e a solidez das convicções. São muitas as mensagens e mensagenzinhas que vocês recebem, mas eu gostaria que reativassem comigo os canais de uma comunicação intensa, aquela que corre entre amigos inseparáveis de longa data, uma comunicação que é partilha e diálogo.

Gostaria de encontrar palavras adequadas para percorrer o longo caminho, misterioso e complexo, que vai até ao vosso coração, muitas vezes ferido pela indiferença dos adultos e pela falência de amores traídos. Contemplando os jovens de hoje na escola, alunos às vezes cansados e desmotivados, tenho a impressão de um mal-estar generalizado, de um caminhar monótono no quotidiano da vida. Descubro às vezes, por analogia, a mesma paisagem que me foi apresentada em sonho aos nove anos de idade: uma grande multidão de jovens carentes de ajuda, de compreensão, de oportunidade, de amor.

Eu fui escolhido para vocês, para todos os jovens. A vocês, eu fui enviado pelo Senhor, embora não o tenha entendido logo, em toda a sua importância, a singularidade daquele chamado. "Eis o teu campo, onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte, robusto; e o que agora vês acontecer a esses animais, deves fazê-lo aos meus filhos".

No interior da sua moderna realidade, tenho a sensação de que frequentemente falte ar para os jovens respirarem. Creio poder dizer que eles correm o risco de morrer de asfixia espiritual. A corrupção difundida, o desinteresse por eles, a precariedade do futuro que se torna incerto por uma economia enlouquecida, uma religião reduzida a gélido esquema institucional com a consequente oração vazia de paixão e de entusiasmo, uma sociedade ou comunidade familiares nas quais se vivem frequentemente relações estéreis e se trocam palavras pobres de sentido e de calor, apagam o ímpeto vital tornando estéril qualquer fonte de bons propósitos.

Neste contexto marcado pela pobreza de valores ou por uma cultura de aspecto restrito, peço-lhes, jovens, um salto de qualidade, uma energia nova, um gesto profético para anunciar um projeto de vida corajoso, gerado por profundas convicções humanas e religiosas aos seus colegas, aos muitos amigos "acomodados", às suas famílias às vezes "apagadas" ou em dificuldade.

Vocês não podem sair do pântano em que estão aprisionados, não podem apreciar o ar de liberdade fora das prisões desta monotonia histórica se não lhes for dado tempo e força para sonhar. As visões transformaram os nossos pais em profetas capazes de incidir na vida de seus contemporâneos.

Sem comentários: