terça-feira, 6 de abril de 2010

Queremos ver Jesus - Parte V

(Anterior - Parte IV)

"Acredita mesmo que Deus precisa de nós?"

Inicialmente, Jesus quis alguns homens ao seu redor: doze amigos, uma comunidade, um povo. Depois, faz muito mais: apresenta-se a si mesmo e a Igreja como uma videira: "Eu sou a videira verdadeira. Permanecei unidos a mim, e eu ficarei unido a vós. Como o ramo não pode dar fruto sozinho, separado da videira, vocês também não podem dar fruto se não permanecerem unidos a mim. Eu sou a videira. Vós sois os ramos. Se alguém permanece unido a mim e eu a ele, produz muito fruto; sem mim, nada podeis fazer".

Nele e nos seus amigos corre o mesmo sangue. "Eu e vós somos uma coisa só", afirma. "Este é o sinal para nos reconhecermos: chama-se Eucaristia. Somos o mesmo corpo. Em nós corre o mesmo sangue. Ora, vós sois as minhas mãos, os meus pés e o meu coração".

Depois de o terem crucificado, os seus inimigos pensavam: eliminamo-lo! Pusemos, de uma vez por todas, uma pedra sobre Jesus de Nazaré. No entanto, não se pode impedir que o sol nasça. Não é possível impedir de ser Vida aquele que é a fonte da Vida. Nada é mais vivo do que Deus. E naquela última noite, na Eucaristia, Jesus diz: "Agora, vós e eu somos uma coisa só!" Jesus está vivo em nós!

Caros Jovens, podereis ser génios, organizadores, inventores, gente famosa, homens e mulheres de sucesso... Tudo isso, porém, não é nada diante da possibilidade de ser um instrumento nas mãos de Deus.

Não podeis ter uma vida estéril, que envelhece um pouco a cada dia. Mas podeis encher-vos de frutos. É a vossa responsabilidade: "O meu Pai é o agricultor – explica Jesus – Todo o ramo que está em mim e não dá fruto, ele corta-o e lança-o fora, e aos ramos que dão fruto, ele limpa-os de tudo o que possa impedir de darem frutos abundantes. Vós já estais livres graças à Palavra que vos anunciei".


Vós podeis ser a boca pela qual Deus continua a falar aos seres humanos, instrumentos para anunciar a verdadeira liberdade. Podeis ser os olhos que sabem ver na escuridão do mundo para depois indicar aos outros a presença de Deus e o seu Reino. Podeis ser os ouvidos que, entre os rumores e as músicas dos iPod, conseguem ouvir o que já não parece audível: a voz de quem chora, de quem pede ajuda, de quem implora por respeito e dignidade, de quem pede justiça e pão. Podeis ser as mãos e os pés que vão ao encontro das pessoas para aliviá-las e pô-las novamente em pé no nome de Jesus. Vós descobrireis, então, que recebestes muito mais de quanto conseguistes dar.

Esse é o segredo da felicidade. "A felicidade está do outro lado, do lado que vocês nem sequer imaginam, diz Jesus. A felicidade só se constrói com Deus".

Isso já fora anunciado por uma jovem judia de Nazaré, a sua mãe, antes que ele nascesse: "Cantarei a mais bela canção para o meu Deus, porque Ele é poderoso. Fez em mim coisas grandiosas, o seu nome é santo. Sua misericórdia permanece para sempre com aqueles que o servem. Ele comprovou o seu poder, destruiu os soberbos com seus projectos. Derrubou os poderosos do trono, elevou os oprimidos da terra. Encheu de bens os pobres, mandou embora os ricos, com as mãos vazias".

Deus está do lado dos vencidos, dos pobres, dos atormentados, dos puros e dos pacíficos. "Os pobres são felizes, alegres, bem-aventurados, em paz, em harmonia consigo mesmos, com o mundo e com Deus, porque têm as mãos e o coração abertos para acolherem os dons de Deus e têm confiança na sua força. Bem-aventurados aqueles que têm o coração puro, que não conhecem o egoísmo, que não giram ao redor de si mesmos, mas olham para Deus. Bem-aventurados aqueles que constroem a paz e lutam pela justiça".

"Vós sois o sal da terra e podeis impedir, então, que o mundo se corrompa. Vós deveis ser tochas acesas porque ainda há muita escuridão no mundo. Não vos é pedido para só levardes uma lâmpada. Deveis ser a luz! Deveis ser o fogo e, para iluminar, deveis consumir-vos a vós mesmos, como um tronco que arde".

Bem-aventurados sois vós se decidirdes caminhar com Jesus, se aceitardes o risco de transformar em luz os próprios sonhos; mas sereis felizes, sobretudo, se permanecerdes nele e não simplesmente com Ele. Livres para produzir frutos, isto é, obras visíveis de amor concreto, feito de verdade, dedicação, sacrifício total da vida, se for necessário.

Na última noite, Jesus levantou-se, tirou o manto e amarrou uma toalha à cintura. Depois, derramou água numa bacia e pôs-se a lavar os pés aos discípulos e enxugá-los com a toalha. Como faziam os escravos. Logo em seguida disse: "Aquilo que eu fiz, fazei vós também uns aos outros".

Formai um povo de pessoas que se amam, para que, vendo-vos, os outros comecem a crer em Deus.

Nós somos um povo novo. Nós somos a Família de Deus, nós somos a verdadeira videira tratada com amor pelo Pai. Recebemos a linfa do Espírito de Jesus e somos os ramos que produzem fruto... Nós chamamo-nos Bento de Nórcia, Francisco de Assis, Domingos de Gusmão, Inácio de Loiola, Teresa de Jesus, Francisco de Sales, Dom Bosco, Madre Mazzarello, Padre Rua, Domingos Sávio, Laura Vicuña, Dom Versiglia, Calisto Caravário, José Calasanz, José Kowalski, Zeferino Namuncurá, Jovens Mártires do Oratório de Poznań, Piergiorgio Frassati, Madre Teresa de Calcutá, Damião de Veuster, José Quadrio, Nino Baglieri... Nós… somos muitos. Uma Família que acolhe todos os dias a Palavra. Uma videira que oferece todos os dias os frutos do espírito.

Caminhai, então, de cabeça erguida. Vós tendes a vida nas mãos. Vós tendes plena consciência de vós mesmos. Ficai em pé, mesmo sozinhos, mesmo diante de uma multidão. Abaixai-vos apenas perante Deus e para levantar aqueles que caíram. Amai a Deus de todo o coração e as pessoas que vivem junto de vós como a vós mesmos.

Jesus conclui o discurso na montanha com estas palavras. "Quem põe em prática o que eu digo é uma pessoa prudente: construiu a sua casa sobre a rocha. Quando veio um furacão e os rios transbordaram e a tempestade se abateu sobre a casa, ela permaneceu intacta, pois as suas fundações foram feitas na rocha".

"Quem, porém, ouve as minhas palavras e não as põe em prática, é um tolo como aquele que construiu a sua casa na areia. Quando veio a chuva e os rios transbordaram e a tempestade enfureceu-se sobre a casa, partiu-se e acabou em pedaços".

Preocupem-se com vós mesmos: construí a própria vida sobre a rocha, caso contrário, acabareis em pedaços.

(Continua - Parte VI)

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