segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Sonho das Rosas

D. Bosco conta-nos:

Certo dia, em 1847, após meditar muito sobre o modo de fazer o bem à juventude, apareceu-me a Rainha do Céu que me levou a um jardim encantador. Nele havia um longo pórtico, com plantas trepadeiras carregadas de folhas e flores. O pórtico dava para um caramanchão encantador, flanqueado e coberto de maravilhosos rosais em plena florescência. Também o terreno estava todo coberto de rosas.

Nossa Senhora disse-me:

– Tira os sapatos e avança por este caramanchão. É o caminho que deves fazer.


Gostei de tirar os sapatos: teria tido pena de estragar aquelas rosas. Comecei a andar. Mas logo percebi que aquelas rosas escondiam espinhos muito aguçados. E tive que parar.

Aqui preciso de usar sapatos – disse eu à guia.
Sem dúvida. E dos bons.

Calcei os sapatos e retomei o caminho com alguns companheiros que haviam aparecido naquele momento e me pediram para caminhar comigo.

Pendiam do alto muitos ramos como festões. Rosas! Só se viam rosas: em cima, dos lados, no chão, a meus pés. As minhas pernas, porém, enredando-se nos ramos estendidos por terra, acabavam feridas. Espinhava-me ao afastar os ramos transversais. Sangrava nas mãos, por todo o corpo. Todas as rosas escondiam muitíssimos espinhos.

Todos os que me viam caminhar diziam: “Dom Bosco só caminha sobre rosas! Tudo lhe vai bem!”. Não viam que os espinhos me rasgavam os membros.

Muitos clérigos, padres e leigos por mim convidados haviam-se posto a seguir-me, alegres, atraídos pela beleza daquelas flores. Mas, ao perceberem que deviam caminhar sobre espinhos, começaram a gritar: “Fomos enganados!”. Muitos retrocederam. Fiquei praticamente só. E comecei a chorar. “Será possível – dizia eu – que tenha de percorrer este caminho só?”.

Mas fui logo consolado: vi avançar para mim um grupo de padres, clérigos, leigos, os quais me disseram: “Somos todos seus e estamos prontos para segui-lo”. Precedendo-os, reiniciei o caminho. Só alguns desanimaram e pararam. Grande parte foi comigo até o fim.

Percorrido todo o caramanchão, vi-me num belíssimo jardim. Os meus poucos seguidores estavam pálidos, desgrenhados, ensanguentados. Levantou-se, então, uma brisa suave. A seu sopro, curaram-se. Soprou outro vento e, como por encanto, vi-me circundado de um número imenso de jovens e de clérigos, de cooperadores leigos e também de padres, que se puseram a trabalhar comigo guiando aquela juventude. Reconheci alguns, mas muitos outros não os conhecia.

Então a Santa Virgem, que fora a minha guia, perguntou-me:

– Sabes o que significa o que estás a ver e viste antes?
– Não.
– O caminho por entre as rosas e os espinhos significa o cuidado que deverás tomar com a juventude. Deverás andar com o calçado da mortificação. Os espinhos significam os obstáculos, os padecimentos, os desgostos que te caberão. Mas não desanimem. Com a caridade e com a mortificação, irão superar tudo e chegar às rosas sem espinhos.

Logo que a Mãe de Deus acabou de falar, acordei. Estava no meu quarto.

Contei-lhes isto para que cada um de nós tenha a certeza de que é Nossa Senhora que quer a nossa Congregação. E para que nos animemos sempre a trabalhar para a maior glória de Deus.

1 comentário:

Marlene Soutelo disse...

Nem sempre é fácil lidar com os jovens, mas no final o balanço tende a ser positivo.